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TECNOLOGIA x CAPITAL HUMANO OU TECNOLOGIA + CAPITAL HUMANO?

  • Fernanda Wakim Tannous
  • 6 de abr. de 2023
  • 5 min de leitura

Assim como preceituava Aristóteles, para iniciar esse artigo, utilizarei o silogismo.

O silogismo tem total consonância com o que propõe este texto porque conceitua que a partir de duas premissas (maior e menor) é possível, por meio do raciocínio lógico, chegar a uma conclusão.

Vamos ao silogismo proposto.

Premissa maior:

Apenas o ser humano é capaz de originar um raciocínio lógico.

Premissa menor:

Robôs são eficazes instrumentos de execução do raciocínio lógico.

Conclusão:

Apenas o ser humano é capaz de originar o raciocínio lógico executado de forma eficaz pelo robô.

Com esse conceito, o propósito deste artigo fica bem claro.

Verificamos atualmente no mercado uma infinidade de sistemas automatizadores de operações. Peças jurídicas de baixa complexidade, captura de publicação, emissão automática de prazos etc.

A grande indagação dos tempos modernos nos faz refletir se um dia o trabalho humano será completamente extirpado e considerado desnecessário devido ao crescimento acelerado de robôs.

Minha resposta enfática a isso: SIM e NÃO.

Justifico ambas.

Sim, porque o ser humano mediano, operacionalizador de tarefas não terá mais espaço para trabalhar. A sua atividade será facilmente executada por um robô, pois não exige análise ou raciocínio. Executores estão fadados à extinção.

Por outro lado, por mais moderno e complexo que seja um robô de qualquer natureza (não apenas jurídica), deverá sempre existir por trás dele um ser humano pensante e que saiba utilizar a tecnologia que será sempre limitada.

A tecnologia não substitui o raciocínio humano, apenas a operacionalização de atividades repetitivas.

Ao empregador, caberá um treinamento intensivo de seus funcionários sobre todas as funcionalidades do sistema e a utilização correta das ferramentas disponíveis. Assim, o uso da tecnologia será maximizado e alimentado de forma correta para que seja possível atender o seu objetivo de gerir com qualidade as informações imputadas.

Já o empregado precisará ampliar seus horizontes. Buscar aprendizados multidisciplinares e experiências diversas que possam agregar ao seu conhecimento geral. Só assim ele será capaz de visualizar para além do óbvio, soluções para os problemas postos.

Esse é um alerta aos profissionais que adentrarão o mercado de trabalho daqui em diante. Aquele que se recusa a pensar e analisar o todo não terá espaço em qualquer lugar que seja.

Em muitos artigos que elencam as habilidades imprescindíveis a qualquer profissional nos deparamos repetidamente com duas expressões (dentre outras). Visão no cliente e visão de negócio.

Em outras palavras, essas qualidades traduzem a capacidade de uma pessoa analisar o conjunto de características de uma forma ampla e aplicar a melhor saída, considerando todas as variáveis particulares ao caso.

Muitos de vocês já ouviram o caso de uma fábrica de pastas de dentes que localizou um problema em uma das últimas etapas de sua linha de produção onde algumas caixas do produto eram fechadas sem o seu conteúdo (o tubo de pasta de dente).

Para resolver o problema, a empresa investiu muito dinheiro em uma máquina que pesava as embalagens antes de colocá-las em caixas maiores para distribuição.

Essa balança foi instalada ao final da esteira e separava as embalagens vazias daquelas que tinham o conteúdo correto. A função dos funcionários, que antes da instalação da balança era de verificar quais das embalagens estavam completas ou não, foram reduzidas para a retirada dos produtos que não estavam prontos para comercialização.

Por óbvio, muitos dos funcionários foram dispensados porque não havia necessidade de uma grande quantidade de pessoal para a nova atividade, com a chegada da tecnologia.

No entanto, em um determinado momento, a balança apresentou problemas e parou de funcionar como deveria. Ou seja, o problema inicial que fazia a empresa perder muito dinheiro voltou a ocorrer, apesar do alto investimento.

Em um dia de fiscalizações no chão de fábrica da empresa, o supervisor verificou que a balança não estava funcionando há muito tempo e reavaliando os números de erros no conteúdo das embalagens se espantou concluindo que o problema não voltou a acontecer, mesmo sem o funcionamento da máquina. Ou seja, nenhuma caixa sem o tubo de pasta de dente tinha sido embalada para distribuição.

Isso chamou a atenção do supervisor que foi até o ponto de produção em que acontecia a análise e questionou os funcionários sobre o que havia ocorrido e, para a surpresa do chefe, foi instalado, pelos funcionários, um ventilador ao final da esteira.

Por conta do peso da caixa, o ventilador era capaz de jogar para fora da esteira as unidades vazias e manter apenas as que estavam corretas.

Questionados, os funcionários esclareceram ao supervisor que temiam que a demora no conserto da balança poderia prejudicar a linha de produção como um todo e, por isso, resolveram a situação de uma forma simples, eficaz e extremamente menos custosa do que o aparelho adquirido pela empresa.

Esse caso serve para ilustrar de forma perfeita que nada substituirá o ser humano pensante. Nem a maior e mais cara das tecnologias. Porque apenas o ser humano é capaz de processar informações diversas de forma maleável e encontrar alternativas diversas das matematicamente lógicas. É o famigerado “pensar fora da caixa”.

Basta o material humano estar disposto a trabalhar essas habilidades que a sua própria natureza proporciona. Ser incansável, ávido por informações, capaz de realizar conexões entre dados que parecem não ter nenhuma vinculação.

É de senso comum que o cérebro humano é o mais poderoso de todos os computadores e não utilizamos nem mesmo 10% de sua capacidade.

Como conclusão a este artigo, afirmo, é necessário que empresas atrelem capital humano de qualidade (seres pensantes) à sua tecnologia para que seja possível extrair qualidade do serviço prestado ou produto oferecido e mitigar riscos.

Tecnologia sem um ser humano capacitado para utilizá-lo é inútil e o ser humano sem o auxílio de uma máquina para livrá-lo de atividades repetitivas, é menos eficiente.

Nossa empresa pensa exatamente desta forma e capacita nossos funcionários para pensarem, trazerem a sua ótica ao nosso negócio, além se tornarem adaptáveis a qualquer tecnologia.

Investimos muito em capital humano e treinamento voltado às necessidades dos nossos clientes.

O funcionário que atende o cliente A não atenderá o cliente B, assim, ele é capaz de conhecer todos os detalhes do procedimento específico daquele parceiro e, gradativamente, se sente confortável para estudar soluções não convencionais (todas pautadas na ética e transparência).

Acreditamos que estando de acordo com os nossos valores, que são inegociáveis, toda a parte técnica é perfeitamente aprendida.

Espero ter contribuído para a análise do cenário atual e me coloco acessível a debates, sugestões e questionamentos.

Edito este artigo para dar créditos ao excelente Professor Valdecir Fraga, com quem tive a honra de aprender durante o MBA na Escola Paulista de Direito.

O exemplo que trouxe neste artigo (a história da linha de produção da fábrica de pasta de dentes) foi trazida por ele, em sala de aula, para exemplificar os conceitos apresentados.

Minha eterna gratidão, professor !

Fernanda Wakim Tannous

Sócia na TL Adsumus

 
 
 

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